Minhas lembranças de futebol
Atualizado: 3 de mar. de 2022
Mesmo que fosse um péssimo jogador de futebol, eu que era gordinho e sempre o ultimo escolhido no jogo da turma da rua, de fato não gostava muito desse esporte, mas acabei convivendo com muitos aficionados e até alguns apaixonados por essa atividade física e tenho minhas histórias para contar:
Na década de 1950 meu tio Jorge jogava de “beque central” no time do Glória (do bairro morro da Glória), dizem que tinha um chute tão poderoso que fazia gols de tiro de meta. Ouvi a história que a fama de Jorge chegou ou Rio de Janeiro, mais precisamente ao Vasco da Gama que mandou um representante a Juiz de Fora para contratá-lo, mas, meu Pai Arlindo, seu irmão mais velho, desaconselhou sua ida, pois, naquela época jogador de futebol não tinha nenhum prestígio e nem ganhava dinheiro, pois bem o Vasco então, contratou o Beline, que logo depois foi convocado para a seleção Brasileira e foi campeão mundial em 1958.
Meu Pai Arlindo, torcia para o América no Rio e pelo Sport em Juiz de Fora, clube que ele detinha um quinhão. Sempre ia com ele ao campo onde assistia das cadeiras numeradas, debaixo da arquibancada os jogos do verde e branco. Eu também torci pelo América muitos anos até que meu cunhado Mauricio me convenceu virar flamenguista, afinal de contas, nunca vi o América ganhar nada, só tinha um hino muito bonito, mas o do Flamengo também era e além disso ele tinha i Zico à época.
Em um ano da década de 60, disputa da final do campeonato de segunda divisão, dois rivais tradicionais: Glória (o time era do bairro Glória e do Açougue Gloria) e o Industrial Mineira (time da fábrica industrial mineira) bairros vizinhos e rivais. Jogo realizado no campo do Sport Clube Juiz de Fora, na Av. Rio Branco (ainda não existia o mergulhão), estádio lotado. Durante o jogo, em determinado momento o goleiro do Glória, Dirceu Bragagnolo (fala-se breganhola) sai de sua meta, atravessa o campo todo e dá uma “porrada” no goleiro do Industrial Mineira. Tudo virou um pandemônio, briga no campo, na arquibancada, na saída do estádio na Av. Rio Branco e eu do alto da arquibancada assistia a tudo, confesso que com certo medo e no meio daquela confusão meus enormes tios Arnaldo e Jorge distribuindo pancada “pra” todo lado.
Meu tio Arnaldo era tão apaixonado por futebol que se tornou técnico do time do Glória e certo domingo houve um jogo no campo do Industrial Mineira que ele jogou com o time da casa e levou uma goleado de 9 a 0. Acontece que esse campo de futebol era vizinho de fundos com minha casa no Mariano Procópio e eu pude assistir esse jogo bem de perto e, confesso que exagerei ao ridicularizar meu tio, que mascava seu enorme charuto enquanto espumava de raiva a cada gol que levava do adversário, enquanto eu ria muito. Na segunda feira pude sentir seu ódio.
Tetraldo era goleiro do Sport, na década de 1960, semiprofissional, na época, também trabalhava de motorista no Açougue Glória, era um Afrodescendente, muito elegante e bonitão e, dizem namorador. Não me lembro muito bem, mas foi uma grande confusão, pois ele “fugiu” com a irmã da mulher de um dos sócios da empresa onde trabalhava, não sei no que deu.
Eu era tão ruim no futebol que em uma excursão da minha turma da Academia na Fazenda da Floresta, quando eu tinha uns 16 anos, fui escalado como o juiz da partida, mas não adiantou, depois de dez minutos fui expulso, pois ficou claro que nada entendia daquilo. Foi o melhor que me aconteceu, na sede da granja do Marcio Assis tinha uma bateria (instrumento musical) onde me encontrei. Anos depois, já casado, montei um estúdio em minha casa e ganhei esse instrumento da minha esposa, Maria Cecília, brinquei muito e adorava até que meu filho Guilherme me tomou a bateria, e toca até hoje, sendo musico profissional.
Meu tio Arnaldo montou um time de futebol da empresa “Jacobana”, com tudo que tinha direito, tinha até torcida organizada e charanga, participava de campeonatos e provavelmente até divulgava o nome da empresa, mas, acontece que essa se encontrava em grande dificuldade, à beira da falência e como minha mãe era sócia (meu pai tinha falecido há pouco tempo) e eu com 17, 18 anos a representava- a com todas as dificuldades possíveis. A administração de meu tio, que substituiu meu pai, era no mínimo temerária, o que causou sérios problemas na época e o futebol era uma parte visível dessa desorientação. Fiquei muitos anos com raiva de futebol.
Estava me esquecendo do Carioca que trabalhou comigo muitos anos como motorista, no Glória , no Jacobana e no Stephan, dizem que era excelente jogador, especialista em fazer o adversário ser expulso, passava a mão na bunda, xingava e fazia de tudo, quando o juiz olhava para o outro lado.
