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Foto do escritorLUIZ ANTONIO STEPHAN

MUDANÇA DE NOMES DE RUA

Juiz de Fora, julho de 2023


Brevemente não teremos mais uma rua chamadade de “Halfeld” (homenagem ao fundador da cidade), nem outra conhecida como São João (Barão de São João Nepobuceno) e siquer um logradouro com o nome do Barão de Juiz de Fora, primeiro presidente do conselho ( prefeito) de Juiz de Fora. Não teremos mais uma rua Barão de Bertioga (fundador da Sante Casa), nem Rua Barão de Cataguases (um dos fundadores do Banco de Credito Real). O museu Mariano Procópio vai ter de mudar de nome e o Bairro Retiro ( Barão do Retiro) vai ter outra denominação e o Instituto Candido Tostes vai ter que mudar de nome. Assim como o Bairro Barbosa Lage e o Manuel Honório, pois, todos essas citadas tiveram posse de escravos.

Não existirá em Juiz de Fora uma Av. Getúlio Vargas, pois, esse foi um ditador, nem as rua Chanceler Oswaldo Aranha e a escola Municipal Tancredo Neves, ministros dessa ditadura. A Av. Presidente Costa e Silva , então, nem se fala.

Tudo isso porque a Vereadora Lais Parrot voltou a propor um projeto na Câmara de Vereadores (que já foi derrotado em outra ocasião) que pretende “proibir homenagens municipais, como a denominação de ruas e espaços públicos e a construção de monumentos, a pessoas cuja trajetória esteja relacionada à escravidão e a períodos de exceção e anormalidade constitucional da história brasileira.

É óbvio que ninguem apoia a escravatura nos dias atuais, mas, na época que existiu, fazia parte da cultura local, do país e de outras regiões do planeta. Era um contexto histórico diferente onde essa atividade estava enraizada na sociedade de tal forma que a própria economia da nação dependia dessa abominável prática. Veja como exemplo o Barão de Guaraciaba, Francisco Paulo de Almeida que possuiu diversas fazendas e mais de 1.000 escravos Foi o primeiro barão negro do império, se notabilizando pela beneficência em favor das Santas Casas. A partir do momento em que surgiram novos padrões civilizacionais começaram os processos abolicionistas que foi um processo longo, lento e difícil de muitas lutas.

Argumentos:

A história é um conjunto da experiência humana no passado, a cada período da civilização aconteceram guerras, revoluções, ditaduras e períodos de exceção e nem sempre as pessoas eram “atípicas” à época, eram os costumes e a cultura vigente. O estranhamento de uma cultura se dá por ignorância, pois não existem culturas ruins, mas diferentes, sendo que todas devem ser respeitadas e lembradas. Os fatos históricos devem ser analisados sob premissas de causa e efeito em relação ao mundo histórico-social.

“Toda a História, o acúmulo das ações humanas, é a prova do Espírito em busca da liberdade” (Hegel).

"Para liquidar os povos, começa-se por lhes tirar a memória. Destroem-se seus livros, sua cultura, sua história. E uma outra pessoa lhes escreve outros livros, lhes dá outra cultura e lhes inventa uma outra História" (Milan Kundera).

Nossa sociedade é composta de representações e símbolos que fundamentam a constituição da sua identidade e as culturas locais produzem sentidos com os quais podemos nos identificar e construí-la. Esses sentidos estão contidos em histórias, memórias e imagens que servem de referências.

A identidade de um lugar é formada pelo seu patrimônio, tangível ou intangível: seus símbolos, sua cultura e seu povo. A quebra da estabilidade cultural coloca um território em xeque, sem perspectivas de desenvolvimento, pois, o iguala a tantos outros. Os cidadãos locais perdem a referência, a estima por seu território.

Luiz Antonio Caixeiro Stephan, Bel. Em Comunicação Social- Publicidade e Propaganda Pesquisador, Historiador autodidata (História de Juiz de Fora)



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