Não é todo dia que você conhece a história de um produto alimentício contado pela sua fonte primária. Todos sabem que a mortadela foi criada por italianos e tem certeza que a salsicha é alemã, mas, você sabia que o joelho de porco defumado, é Juiz-forano? Eis sua história:
Eu e Edgard (Edgard Danilo Alves da Silva), que era meu sócio no açougue "Stephan”, fabricávamos uma linha bem extensa de produtos com carne de porco: linguiças, frios, defumados, presuntos, patês e outros de acordo com a tradição alemã acumulada pela família desde os açougues Glória e Jacobana.
Em maio de 1998 viajamos para Frankfurt onde permanecemos por vários dias visitando a IFFA - Feira Internacional para a Indústria da Carne, frigoríficos, restaurantes e barracas de comida nas ruas onde encontramos uma profusão de embutidos e frios fabricado com carne de porco.
Já no Brasil, analisamos o que vimos, ponderamos sobre nossos hábitos alimentares e optamos por lançar o que seria uma linha de “produtos típicos alemães" composta de alguns que já fabricávamos: Salsichão (Würste) e linguiça temperada com vinho (Wein Würste) e outro, novos como: Salsicha Branca (Weiss wurste) Carré defumado (kasseler) e Joelho de porco (EISBEIN).
A maior adaptação que tivemos que realizar foi quanto ao Eisbein, que na Alemanha, no sul do Brasil e na região serrana do Rio de Janeiro, por exemplo, onde era consumido igual à origem e era comercializado na forma de "salmourado", ou seja, salgado. Para prepará-lo era necessário dessalgar passando por troca de várias águas (igual ao bacalhau) e era servido cosido, tinha pouca carne, mais cartilagem, não agradava muito nossos fregueses.
Depois de várias experiências chegamos a um novo "EISBEIN" (à brasileira): O corte seria alongado em direção do pernil (para obter mais carne) e seria DEFUMADO.
Em 1990, por solicitação da comunidade do bairro Borboleta, de Juiz de Fora criamos um modelo de Festa Alemã (em vigor até hoje) e o EISBEIN DEFUMADO como concebemos, fez parte do cardápio, é foi um sucesso, sendo um dos carros chefes.
A partir daí em todas as festas alemãs, outras comemorações e no dia a dia, foi muito requisitado, ficando muito conhecido e passou a ser fabricado por muitos frigoríficos e açougues em Juiz de Fora.
Já em 2022 muitos frigoríficos em todo o Brasil fabricam esse produto, mas não podemos esquecer sua origem.
Luiz Antônio Stephan
Bel em Comunicação Social= PP
Autodidata em Pesquisa, memoria e história de Juiz de Fora

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