EU CONHECI UM ESPIÃO ALEMÃO
Sr. Amaro era um português, estabelecido na rua do Riachuelo, no Rio de Janeiro com uma empresa de importação e vendas de especiarias (pimenta do reino, nós moscada, etc.). Frequentou Juiz de Fora por décadas, pois, tinha vários fregueses que adquiriam seus produtos, entre eles o “Açougue Glória”.
Que eu me lembre, já na década de 1960, essa pessoa, de forte presença, já frequentava esse estabelecimento de meu pai, Arlindo Stephan e, também, minha casa, onde almoçou muitas vezes, demonstrando que existia certa amizade, além dos interesses comerciais.
Mesmo depois que meu pai faleceu prematuramente em 1966, aos 52 anos, Amaro continuou os negócios com a família, agora já com o “Açougue Jacobana”, e assim foi até que, quando me estabeleci, por conta própria em 1974. Ainda fui seu cliente por pouco tempo, até que recebi a notícia de seu passamento.
Pouco depois, ao folhear uma edição da revista “Realidade” encontrei uma matéria com o título “Um Espião Alemão na Estação Central do Brasil “ (ou algo parecido), contando que nesse local, no centro do Rio, durante a segunda guerra, tinha um bar, cujo proprietário Amaro de Sousa Carneiro, que não era português, mas alemão e se chamava Amaro Schafe (Carneiro na língua germânica) e nesse estabelecimento existia, escondido, um rádio comunicador, que era utilizado para passar informações para a Alemanha. Informava, também, que depois da guerra o Sr. Amaro se estabeleceu na Rua do Riachuelo com uma empresa de importação de especiarias.
Convivi com essa pessoa por décadas e nunca imaginei que lidava com um autêntico espião alemão.
Lamentavelmente essa revista foi extraviada.
Mais recentemente, ao pesquisar sobre esse assunto encontrei nos arquivos da Fundação Getúlio Vargas, documentos considerados secretos, na época, sobre essa pessoa.
REALIDADE fez história — e virou fenômeno de vendas — ao retratar o mundo em transformação dos anos 60, com talento, inteligência e coragem
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